Queda também é explicada pela forte base de comparação. No mês anterior, setor industrial deu um salto após retomada das empresas gaúchas, afetadas pelas enchentes

 
Plantação de cana-de-açúcar afetada pelos incêndios na região de Ribeirão Preto — Foto: Victor Moriyama / Bloomberg

Porto Velho, Rondônia -
A produção industrial caiu 1,4% em julho, após bater recorde em junho com alta de 4,3%. A queda teve efeito das secas sobre a produção de alimentos e foi maior do que o esperado pelos analistas, que previam recuo de 1%. Os dados fazem parte da Pesquisa Industrial Mensal (PIM) e foram divulgados pelo IBGE nesta quarta-feira.


Em junho, a produção industrial surpreendeu os analistas com crescimento de 4,3%, em recuperação após os efeitos das enchentes do Rio Grande do Sul, que causaram queda em maioEm comparação com julho de 2023, produção industrial cresceu 6,1%No ano, acumula alta de 3,2% e, em 12 meses, expansão de 2,2%
Além do recuo da indústria de alimentos, o gerente da pesquisa, André Macedo, afirmou que o resultado negativo do mês tem relação com a base de comparação alta, após o intenso crescimento no mês anterior, com o retorno de unidades que haviam sido afetadas pelas chuvas ocorridas no Rio Grande do Sul em maio.

"Grande parte do recuo registrado neste mês tem relação com o avanço expressivo visto no mês anterior, mas também se observa que importantes plantas industriais realizaram paralisações no seu processo produtivo", explica ele.

Um dos itens que tiveram maior queda e puxou o segmento alimentício para baixo foi o açúcar, já que as safras de cana-de-açúcar foram afetadas pelo clima mais seco e pelos incêndios florestais que queimaram grandes produções de Ribeirão Preto, no interior de São Paulo.

Mas, para Macedo, embora o primeiro resultado do terceiro trimestre do ano venha com uma queda, existem leituras positivas.

"O resultado de julho caracteriza-se por ter poucas, porém atividades industriais com relativa importância na estrutura industrial, que mostraram queda na produção acima da média da indústria. Apesar disso, quando comparamos o patamar da indústria em julho deste ano com dezembro de 2023, o setor industrial está 1,2% acima, mostrando a permanência de uma trajetória ascendente”, explica.

Na comparação com junho deste ano, a queda na produção foi registrada em duas das quatro grandes categorias econômicas e em apenas sete dos 25 ramos industriais pesquisados.

As principais influências negativas vieram de produtos alimentícios (-3,8%), em subitens como açúcar, carnes e bovinos e derivados da soja; além de produtos derivados do petróleo e biocombustíveis (-3,9%), indústrias extrativas (-2,4%) e celulose, papel e produtos de papel (-3,2%).


Fonte: O GLOBO