Graças ao boom da inteligência artificial, Huang viu seu patrimônio disparar, ocupando hoje o 18º lugar nas lista da Forbes dos homens mais ricos do mundo, com uma fortuna de US$ 83,4 bilhões.
A história da empresa é permeada por estratégias atípicas, como quando criou chips mais complexos e acabou na dianteira das placas gráficas tão importante para games.
Nos leilões de pré-abertura de mercado nesta quinta-feira, as ações registravam alta de 7,4%. Do início do ano até ontem, o papel da Nvidia já acumulava varolização de 92%.
Veja quem é Jensen Huang e entenda como a Nvidia virou a queridinha do mercado:
'Orgulho de Taiwan' e o único chefe
Nascido em Taiwan e criado na Califórnia, Jen-Hsun Huang (ou Jensen Huang) tem 61 anos e lidera há 31 a Nvidia. Nos Estados Unidos, graduou-se em engenharia elétrica na Universidade Estadual de Oregon e concluiu seu mestrado na Universidade de Stanford. Antes de apostar na criação da Nvidia, Heung trabalhou como designer de microprocessadores na Advanced Micro Devices e atuou na direção da LSI Logic.
Diferente da gestão das demais empresas do Vale do Silício, Jensen Huang segue uma estratégia alternativa: ele concentra todo o poder de tomada de decisão em suas mãos e assume riscos que os negócios governados por comitês não ousam. Ele ocupa a presidência executiva desde sua cofundação, em 1993.
Para muitos taiwaneses, Huang agora é “o orgulho de Taiwan”, segundo um estudante da universidade local, uma verdadeira estrela do Rock.
Jensen Huang, CEO da Nvidia, é recebido como celebridade em Taiwan — Foto: Bloomberg
Figura acessível e amante de karaokê
Huang fez uma aparição que viralizou nas redes sociais ao demonstrar ser uma figura extremamente acessível e sempre que vai a seu país de origem aproveita para desfrutar da cultura de rua.
CEO da Nvidia é visto em feira noturna em Taipei — Foto: Reprodução/Twitter
Segundo o site ChinaTimes, uma das últimas vezes que esteve em Taiwan, levou a equipe americana da Nvidia para cantar em um karaokê até 1h da manhã. Para taiwaneses que acompanham o executivo há mais tempo, não é nenhuma surpresa que o CEO da Nvidia adora soltar a voz. Em novembro do ano passado, Huang foi visto em Taipei , quando perguntou a duas meninas que cantavam em um karaokê se poderia cantar a música "Hold My Hand", da Lady Gaga.
Revolução na computação gráfica e no mercado de games: a história da Nvidia
A história da Nvidia começou em fevereiro de 1993, em Santa Clara, na Califórnia. Três engenheiros da Silicon Grapichs (Jensen Huang, Chris Malachowsky e Curtis Priem) se juntaram e criaram uma empresa para acelerar os gráficos para PCs. Uma aposta no mercado de jogos que começava a florescer. A empresa foi pioneira no desenvolvimento de unidades de processamento gráfico (GPU) e, com o passar dos anos, revolucionou a indústria de games eletrônicos.
A empresa se tornou uma das maiores fabricantes de placas de vídeo do mundo, e com o tempo seu investimento tornou possível agregar núcleos Cuda e inteligência artificial para fazer a renderização da computação gráfica em tempo real. Em outras palavras, essas ferramentas são responsáveis por rodar jogos de alto desempenho de computador e agora respondem de forma muito mais rápida.
Mas atuação da Nvidia não se resume ao universo dos games. A companhia também passou a investir no desenvolvimento de tecnologias, incluindo as de inteligência artificial, para diferentes indústrias. A empresa fabrica GPUs para os mercados de jogos eletrônicos e profissionais, chips para o mercado de computação automotivo, além de soluções de data center e desenvolvimento de softwares para aplicação nas áreas da saúde e telecomunicações, por exemplo.
GPU, a galinha dos ovos de ouro da Nvidia
Depois de tentar e falhar com vários empreendimentos de expansão ao longo dos anos - como a construção de chips para dispositivos móveis - a Nvidia encontrou sua galinha dos ovos de ouro com a aceleração de IA. Algo que Huang faz a companhia apostar há anos.
Afinal, o conhecimento profundo sobre chips e placas gráficas posicionaram a Nvidia de forma estratégica no campo da computação. Isso porque toda e qualquer ferramenta, como o ChatGPT, necessita de processadores de alto desempenho. E a GPU passa a agir como o cérebro de computadores, robôs e carros autônomos, com capacidade de percepção e compreensão sobre os dados ali colocados.
Em menos de uma década, os negócios de data center da Nvidia cresceram de US$ 300 milhões em receita anual para US$ 15 bilhões. A fabricante de chips ganhou pedidos para equipar fábricas de computação gigantes ao argumentar com sucesso que os chips gráficos podem lidar com cargas de trabalho de IA melhor do que os processadores padrão.
Estratégia agressiva e declarações fortes
Durante um discurso para estudantes da Universidade de Taiwan, no ano passado, o CEO da Nvidia expôs parte da estratégia agressiva da empresa para alçar tamanho crescimento. Huang contou as primeiras lutas existenciais de sua empresa - em que a Nvidia não teria sobrevivido sem a ajuda da fabricante de jogos Sega - e também falou sobre o risco e o custo necessários para fazer o CUDA (núcleos de processamento) da Nvidia populares.
O CUDA são uma espécie de bits extras adicionado às placas da Nvidia, e são o fornecedor ideal para o treinamento de máquinas com inteligência artificial.
“Ou você corre atrás de comida ou corre para evitar se tornar comida”, disse Huang a um público admirado. “De qualquer forma, corra.” Questionado sobre a concorrência da Intel, ex-campeã da fabricação de chips nos Estados Unidos, Huang voltou ao seu bordão: “Você tem que correr. Não ande, corra.”
O chefe da Nvidia também costuma fazer declarações fortes, como condenar o dano e o perigo das sanções comerciais dos EUA à China. Ele prefere poder vender seus chips para a China do que ter startups chinesas construindo substitutos.
Apostas acertadas
O progresso da empresa confirma que as apostas de Huang ao longo do tempo foram acertadas. As ações da Nvidia, só neste ano até o fechamento de ontem do mercado americano, dispararam 92%. Mas o avanço deve continuar, já que a empresa anunciou um lucro 682% maior no primeiro trimestre fiscal, encerrado em abril. Analistas esperavam um avanço de 400%.
Fonte: O GLOBO
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