A farmacêutica Moderna já começou a fase 3 dos testes da sua vacina contra o câncer de pele. O imunizante previne a reincidência da doença
Porto Velho, RO - Uma das doenças mais temidas pelas pessoas, se não a mais, é o câncer. E quando esse conjunto de centenas de mutações patológicas com um crescimento de células anormal e fora do controle não é tratado, ele pode levar à morte. Como essa é uma doença que atinge milhares de pessoas ao redor do mundo, estudos sobre ela nunca param. Eles são feitos na tentativa de encontrar um tratamento ou até mesmo uma cura.
Por conta disso os estudos não param de ser feitos e, felizmente, as descobertas também não. Tanto que, na última sexta-feira, começou a terceira e última fase dos estudos clínicos da primeira vacina contra o câncer de pele melanoma, no Reino Unido. Nessa fase, os pesquisadores irão avaliar a eficácia e a segurança da vacina, que é personalizado a partir do mRNA (RNA mensageiro) para evitar que haja uma reincidência da doença. Até o momento, os dados mostraram que ela diminuiu o risco de metástase em 65%.
Estudo
O estudo foi liderado pelos cientistas e médicos oncologistas da University College London Hospitals e deve chamar até 1089 pacientes para testarem essa vacina contra o câncer de pele. Os voluntários irão ser escolhidos em diferentes regiões do mundo.
Para o estudo, uma parte dos voluntários irá receber o tratamento oncológico convencional para evitar a remissão do câncer, com o pembrolizumabe. Já a outra parte irá receber o novo tratamento com a vacina mRNA-4157 (V940), da farmacêutica Moderna, e pelo remédio Keytruda (pembrolizumabe), da MSD.
Se ela for bem sucedida, a vacina irá trazer uma mudança na qualidade de vida das pessoas que tratam o câncer de pele. Até porque, ela tende a impedir que a doença reincida depois do primeiro tratamento. O que é um problema visto nos tratamentos atuais.
Contudo, antes de ela ser liberada para o mercado, é necessário garantir que a vacina é segura. Isso é feito nessa última fase dos testes com humanos. Dentre os pacientes recrutados está o músico britânico Steve Young, de 52 anos.
“Sinto-me sortudo por fazer parte deste ensaio clínico. É claro que não me senti tão sortudo quando fui diagnosticado com câncer de pele — na verdade, foi um grande choque —, mas, agora que fiz tratamento, estou ansioso para garantir que não volte a ocorrer. Esta é a minha melhor chance de parar o câncer”, disse ele.
Vacina
Mesmo que Steve esteja animado, ele ainda não sabe se ficará no grupo de pessoas que irá receber a vacina de mRNA ou então irá fazer o tratamento convencional. Até porque, o estudo é duplo-cego. No caso de ele não receber a vacina, o tratamento irá ser garantido depois do período de testes clínicos.
Essa vacina contra o melanoma foi feita para estimular uma resposta imune específica para o câncer de pele tratado pelo paciente, gerando células T personalizadas. Para que isso seja possível cada fórmula pode ter informação genética para a produção de até 34 neoantígenos, que são produzidos de acordo com as mutações das sequências de DNA do tumor do paciente. E quando o corpo do paciente produz essas proteínas, o sistema imune aprende a combater aquele tipo de câncer em específico no caso de ele voltar.
“A ideia por trás desta imunoterapia é que, ao estimular o corpo a produzir essas proteínas, ele pode preparar o sistema imunológico para identificar e atacar rapidamente quaisquer células cancerígenas que as contenham, com o objetivo de prevenir a recorrência do melanoma”, resumiu Heather Shaw, médica oncologista e parte do projeto de pesquisa.
Câncer de pele
Claro que uma vacina é de extrema importância, mas isso não quer dizer que outras descobertas sejam menos importantes no combate ao câncer. Como por exemplo, o estudo feito pelos pesquisadores da Queen Mary University of London, na Inglaterra, descobriu uma nova proteína que é responsável por espalhar o melanoma, que é o tipo mais agressivo do câncer de pele.
A proteína se chama LAP1 e dá às células cancerígenas a possibilidade de elas mudarem o formato do seu núcleo. Isso faz com que elas fiquem aptas para migrar e se espalhar pra outros órgãos.
Agora com essa descoberta, os pesquisadores podem desenvolver novas tecnologias medicinais que sejam capazes de impedir que essas metástases surjam. Como consequência, as chances de o paciente ser curado desse câncer aumentam.
De acordo com o Instituto Nacional de Câncer (Inca), o melanoma representa somente 3% dos casos de câncer de pele no nosso país. Mesmo assim, ele provoca os piores prognósticos justamente por causa da sua gravidade e pela possibilidade alta de se espalhar para outros órgãos.
“Como o LAP1 é expresso em níveis tão altos nas células metastáticas, interferir nessa maquinaria molecular pode ter um grande impacto na disseminação do câncer. Atualmente, não há medicamentos que tenham como alvo o LAP1 diretamente, portanto, olhando para o futuro, gostaríamos de investigar maneiras de atingir o LAP1 e o envelope nuclear para ver se é possível bloquear esse mecanismo de progressão do melanoma”, disse Victoria Sanz-Moreno, professora de biologia da Queen Mary University of London e uma das responsáveis pelo estudo.
Mesmo que o melanoma represente apenas 3% dos casos, o câncer de pele é o tipo mais frequente no nosso país. Para se ter uma ideia, de acordo com o Inca, ele equivale a 30% dos diagnósticos da doença. E em todos os tipos o espalhamento desse câncer através das metástases é a principal causa da morte dos pacientes. No entanto, em uma quantidade considerável dos casos, quando esse câncer é descoberto logo no começo, antes das metástases, a doença tem cura.
Fonte: Fatos Desconhecidos
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